Meryl Streep
Publicado em Quarta-feira,

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O nascimento de uma lenda
Mary Louise Streep nasceu em 22 de junho de 1949, em Summit, Nova Jersey. Filha de uma artista comercial e de um executivo farmacêutico, Meryl foi incentivada desde cedo a desenvolver sua criatividade. Ainda adolescente, teve aulas de canto lírico e chegou a pensar em seguir carreira na ópera. No entanto, foi no teatro que encontrou sua verdadeira paixão. Ao entrar para a Universidade de Yale, mergulhou nos estudos dramáticos e começou a moldar a que viria a ser uma das carreiras mais respeitadas da história do cinema.
A estreia nos palcos e a transição para a tela
Após Yale, Meryl Streep começou sua carreira nos palcos da Broadway, onde se destacou rapidamente por sua presença cênica e domínio técnico. Foi no teatro que chamou a atenção dos olheiros de Hollywood. Sua estreia no cinema veio com Julia (1977), ao lado de Jane Fonda e Vanessa Redgrave. Era um papel pequeno, mas marcante. No ano seguinte, viria o divisor de águas: O Franco Atirador (1978), pelo qual recebeu sua primeira indicação ao Oscar. O mundo finalmente descobria Meryl Streep.
Uma nova estrela em ascensão
Nos anos seguintes, Meryl se consolidou como uma força imbatível nas telas. Em Kramer vs. Kramer (1979), contracenando com Dustin Hoffman, ela interpretou Joanna, uma mãe que abandona o filho e depois luta pela guarda dele. Era uma personagem complexa, ambígua, humana. Sua atuação rendeu seu primeiro Oscar, como Atriz Coadjuvante. O filme não só consagrou Meryl como uma estrela de primeira grandeza, como também trouxe discussões importantes sobre maternidade, casamento e o papel das mulheres.
A metamorfose em A Escolha de Sofia
A década de 1980 seria marcada por um feito que poucos atores conseguiram: um domínio absoluto da crítica e do público. Em A Escolha de Sofia (1982), Meryl Streep viveu uma mãe polonesa sobrevivente do Holocausto, atormentada por uma decisão devastadora. A fluência impecável no sotaque, a profundidade emocional e a dor quase insuportável que ela transmitia na tela a consagraram de vez. O Oscar de Melhor Atriz veio como reconhecimento, mas o impacto cultural do filme foi ainda maior. Era impossível assistir sem se comover.
Versatilidade e domínio técnico
Ao longo da década de 1980, Meryl Streep mostrou que podia interpretar qualquer papel. De romances a dramas históricos, ela se transformava completamente em cada personagem. Em A Mulher do Tenente Francês (1981), viveu duas mulheres em linhas temporais distintas. Em Silkwood – O Retrato de uma Coragem (1983), interpretou uma operária que denuncia irregularidades em uma usina nuclear. Em Entre Dois Amores (1985), contracenando com Robert Redford, viveu uma escritora em meio à colonização europeia na África. A cada filme, ela acrescentava camadas ao seu legado.
A busca por novos desafios nos anos 1990
Nos anos 1990, Meryl continuou trabalhando intensamente, mesmo quando os holofotes migraram para outras atrizes. Ainda assim, ela brilhou em obras como As Horas Finais (1990), A Morte Lhe Cai Bem (1992) – uma comédia de humor ácido ao lado de Goldie Hawn – e As Pontes de Madison (1995), em que viveu uma dona de casa italiana que vive um breve e intenso romance com um fotógrafo, interpretado por Clint Eastwood. Nesse último, Meryl entregou uma performance contida, mas absolutamente devastadora.
Um novo fôlego no século XXI
Já consagrada, Meryl Streep poderia ter seguido com papéis seguros. Mas não. Ao entrar nos anos 2000, reinventou-se novamente. Em As Horas (2002), viveu uma editora literária que cuida de um amigo com AIDS, ao lado de Julianne Moore e Nicole Kidman. Em Adaptação (2002), mostrou sua veia cômica e experimental. Mas foi em 2006 que ela voltou ao centro do palco popular com O Diabo Veste Prada. Como Miranda Priestly, a temida editora de moda, Meryl criou uma vilã elegante, silenciosa e imponente. O papel virou ícone cultural.
A rainha do Oscar
Até hoje, Meryl Streep já foi indicada ao Oscar 21 vezes, um recorde absoluto. Dessas, venceu três vezes: Kramer vs. Kramer (1979), A Escolha de Sofia (1982) e A Dama de Ferro (2011). Nenhum outro ator ou atriz chegou tão longe em termos de consistência e excelência. Cada indicação é uma aula de atuação, seja ela como protagonista ou coadjuvante. Mas mais do que os prêmios, o que impressiona é sua capacidade de se reinventar e manter a qualidade em cada projeto.
A explosão musical com Mamma Mia!
Em 2008, Meryl mostrou ao mundo que também sabia cantar – e dançar. Em Mamma Mia!, adaptação do musical baseado nas músicas do ABBA, interpretou Donna, uma mulher livre, vibrante e emocionalmente intensa. O filme foi um sucesso estrondoso de bilheteria, revelando uma nova faceta de Streep: a de estrela pop. Sua performance de “The Winner Takes It All” é considerada uma das mais emocionantes da década. Ela retornaria ao papel em Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo (2018), reforçando seu talento para entreter com alma.
A voz política em A Dama de Ferro
Em A Dama de Ferro (2011), Meryl Streep encarnou Margaret Thatcher, a primeira-ministra britânica. A performance foi um tour de force: maquiagem, postura, voz, tudo milimetricamente estudado. Mas ela não se limitou à imitação. Deu profundidade emocional à personagem, humanizando uma figura política polêmica. O terceiro Oscar veio com justiça. O papel reafirmou sua capacidade de transformar líderes históricos em personagens tridimensionais, complexos e fascinantes.
Parcerias que definem gerações
Ao longo da carreira, Meryl contracenou com os maiores nomes do cinema: Dustin Hoffman, Jack Nicholson, Robert Redford, Clint Eastwood, Tom Hanks, Amy Adams, Nicole Kidman, entre muitos outros. Com diretores como Steven Spielberg, Nora Ephron e Phyllida Lloyd, ela desenvolveu relações de confiança criativa. Em The Post (2017), sob direção de Spielberg, interpretou Katharine Graham, dona do jornal Washington Post, ao lado de Tom Hanks. Era uma personagem que exigia sobriedade, coragem e força silenciosa – todas marcas registradas de Meryl.
Ativismo e consciência social
Meryl Streep sempre usou sua fama com responsabilidade. É uma defensora ativa dos direitos das mulheres, do meio ambiente e da liberdade de expressão. Discursos como o do Globo de Ouro de 2017, no qual criticou duramente atitudes autoritárias e antidemocráticas, viralizaram pelo mundo. Nunca se calou diante de injustiças e defende com firmeza a importância da arte como resistência. Não apenas atua: ela inspira.
A figura materna e a mulher real
Apesar de ser considerada uma das maiores atrizes vivas, Meryl leva uma vida discreta. Casada desde 1978 com Don Gummer, tem quatro filhos, dois deles também atores. Fala pouco da vida pessoal, mas sempre reforça que sua base é a família. Nos bastidores, é conhecida por sua generosidade, humildade e profissionalismo. Não busca os holofotes – eles a seguem. Em entrevistas, prefere falar sobre o processo criativo do que sobre si mesma.
Uma artista que não envelhece
Com mais de 70 anos, Meryl Streep continua a trabalhar intensamente. Em Big Little Lies (2ª temporada, 2019), causou arrepios como a sogra manipuladora de Nicole Kidman. Em Não Olhe Para Cima (2021), fez sátira política vivendo a presidente dos Estados Unidos. Em Let Them All Talk (2020), de Steven Soderbergh, interpretou uma escritora em crise em uma trama contemplativa e filosófica. Meryl não se repete. Está sempre em movimento, sempre aprendendo, sempre provocando.
A influência em novas gerações
A lista de atrizes que citam Meryl Streep como referência é infinita: Viola Davis, Anne Hathaway, Saoirse Ronan, Florence Pugh, Jennifer Lawrence, Natalie Portman. Todas a enxergam como uma mentora, mesmo que à distância. Sua carreira é uma aula prática de como se manter relevante, íntegra e ousada em um meio tão competitivo. Cada nova atuação sua eleva o padrão da arte dramática. Meryl tornou-se um ideal – mas também uma meta alcançável para quem trabalha com verdade.
A mulher por trás dos personagens
Apesar de tantas personagens inesquecíveis, Meryl insiste que o trabalho é apenas isso: trabalho. Não se considera um ícone. Tem fobia de holofotes, evita redes sociais e não se deixa levar pela fama. A grandeza de Meryl Streep está justamente em sua humanidade. Ela transforma cada personagem em alguém que poderíamos conhecer, amar, temer ou nos identificar. Por isso, sua arte atravessa gerações e fronteiras.
O legado de uma gigante
O legado de Meryl Streep não está apenas nos prêmios ou nos papéis que interpretou. Está no respeito com que trata cada projeto, cada colega de cena, cada espectador. Está em sua postura ética, em sua busca constante por excelência, em sua dedicação silenciosa. Meryl não é apenas uma atriz: é um símbolo da força que a arte pode ter quando feita com verdade. E seu impacto será sentido por muito tempo depois que as cortinas se fecharem.