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Adoráveis Mulheres

Publicado em Domingo,

Imagem de Adoráveis Mulheres

ator: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Timothée Chalamet, Meryl Streep, Bob Odenkirk, James Norton, Louis Garrel, Chris Cooper, Tracy Letts, Jayne Houdyshell, Abby Quinn, Sasha Frolova, Rafael Silva

Um Inverno de Sonhos Interrompidos

A história começa durante a Guerra Civil Americana, quando as quatro irmãs March — Meg, Jo, Beth e Amy — vivem com a mãe, Marmee, em uma casa modesta em Concord, Massachusetts. O pai está ausente, servindo como capelão no front. Apesar da pobreza e das privações, as irmãs mantêm acesa a chama da imaginação, da música, da arte e dos sonhos. Jo, a segunda filha, já demonstra seu espírito rebelde, escrevendo peças e contos que ela mesma representa com as irmãs. As noites são preenchidas por risos, apresentações improvisadas e esperança, mesmo em meio ao frio da guerra.

O Vizinho Misterioso e o Elo Que Nasce

Na vizinhança, vive Laurie, um jovem rico, solitário e carismático, que logo se aproxima das March. Jo e Laurie desenvolvem uma amizade profunda, marcada por cumplicidade, aventuras e afinidade intelectual. Ele é acolhido pela família como um irmão e se encanta pela vivacidade das meninas. Entre risos e confidências, Laurie parece encontrar em Jo uma alma gêmea, embora ela insista em manter a amizade sem espaço para romance. A chegada dele marca um novo capítulo na história da casa, preenchendo vazios e fortalecendo os laços entre todos.

O Amor de Meg e o Primeiro Adeus

Meg, a mais velha das irmãs, é sensata e gentil. Durante um baile, ela conhece John Brooke, o tutor de Laurie, e entre eles nasce um amor singelo. Com o tempo, os dois se aproximam e decidem se casar, mesmo enfrentando dificuldades financeiras. Meg escolhe uma vida simples, mas cheia de amor, enquanto as irmãs se despedem da infância. Seu casamento simboliza o primeiro passo em direção à vida adulta, e Jo, que teme mudanças, sente a perda como uma pequena tragédia — um lembrete de que o tempo não para para ninguém.

O Brilho e a Vaidade de Amy

Amy, a caçula, é ambiciosa e sonha em ser uma artista famosa em Paris. Desde pequena, mostra vaidade e uma busca intensa por reconhecimento. Muitas vezes, entra em conflito com Jo, especialmente quando sente que não recebe a mesma atenção. Sua oportunidade surge quando a tia March a convida para uma temporada na Europa. Lá, Amy amadurece, conhece o alto escalão da sociedade e reencontra Laurie, agora mais maduro e desiludido por ter sido rejeitado por Jo. Aos poucos, a relação entre Amy e Laurie se transforma, desafiando antigas convenções e expectativas.

A Escrita de Jo e o Grito Pela Liberdade

Jo, sempre inconformada com os papéis impostos às mulheres, parte para Nova York, decidida a viver como escritora independente. Lá, ela conhece Friedrich Bhaer, um professor alemão sério e idealista, que a encoraja a escrever com mais profundidade, buscando a verdade ao invés de agradar o mercado. Enquanto tenta sobreviver publicando contos sensacionalistas, Jo se vê confrontada com dilemas artísticos e emocionais. Sua carta de amor à liberdade feminina vai ganhando forma nas páginas que escreve, ainda sem saber que estão moldando uma obra-prima.

A Delicadeza e o Silêncio de Beth

Beth, a mais doce e tímida das irmãs, representa o coração da família. Apegada ao lar, à música e à harmonia, ela adoece gravemente após contrair escarlatina, cuidando de uma família pobre. Mesmo com a melhora temporária, sua saúde nunca se recupera totalmente. Beth é uma presença suave, quase angelical, que toca todos ao seu redor com sua generosidade e serenidade. Quando sua condição piora, Jo retorna ao lar e passa longos dias ao lado dela, tocando piano, lendo, costurando, ou apenas em silêncio. A perda de Beth muda tudo. Ela se vai como uma canção que termina suave demais para que se perceba o fim.

Um Coração Partido e a Reconciliação com o Tempo

A morte de Beth deixa Jo devastada. Pela primeira vez, ela enfrenta a fragilidade da vida com profundidade. Isolada, encontra consolo na escrita e começa a redigir a história de sua família — um reflexo de sua dor, amor e crescimento. Friedrich vai até a casa dos March, preocupado com Jo, mas a visita é tensa. Eles se desentendem, e ele parte, achando que não tem lugar na vida dela. Enquanto isso, Amy e Laurie retornam da Europa, já noivos. A revelação causa um desconforto inicial, mas Jo aceita, percebendo que não era Laurie que ela precisava, e sim a liberdade de ser quem é.

A Chegada de Friedrich e a Escolha de Jo

Ao descobrir que Friedrich está partindo para longe, Jo corre atrás dele, numa cena espelhada ao gesto de Laurie anos antes. Eles se encontram na estação, embaixo de uma chuva simbólica, e ele declara seu amor. Jo, pela primeira vez, escolhe o amor sem abrir mão de si mesma. É um momento de equilíbrio — entre o sonho e a realidade, entre o passado e o futuro. Ao lado de Friedrich, ela encontra não um salvador, mas um parceiro. Juntos, decidem abrir uma escola, e Jo descobre que é possível ter amor e liberdade na mesma história.

Um Livro Nascido do Amor

Marmee sugere que Jo transforme os escritos sobre sua vida e irmãs em um romance. A princípio relutante, ela aceita. O processo de escrita se torna catártico, e cada página carrega a essência de sua família, suas perdas, suas conquistas e seu crescimento. Quando o livro é finalmente publicado, com o título de "Little Women", é como se Beth tivesse deixado uma semente que germina em cada leitor. Jo se torna uma autora respeitada, e seu livro, um retrato eterno da força e da beleza das mulheres comuns.

O Presente e o Futuro se Encontram

O final do filme alterna entre a realidade da publicação do livro e uma possível versão idealizada — o casamento de Jo com Friedrich, a escola funcionando, todos juntos novamente, rindo e celebrando. Greta Gerwig, diretora do filme, deixa no ar a dúvida: o que é ficção, o que é verdade? O que importa, na verdade, é o legado. “Adoráveis Mulheres” é sobre o que permanece quando tudo o mais passa — o amor entre irmãs, a coragem de desafiar o mundo, a arte como expressão de resistência, e o poder de escrever sua própria história.

Um Filme Que É Poesia em Movimento

Com atuações intensas e delicadas de Saoirse Ronan (Jo), Florence Pugh (Amy), Emma Watson (Meg), Eliza Scanlen (Beth), Timothée Chalamet (Laurie), Laura Dern (Marmee) e Meryl Streep (Tia March), o filme se destaca como uma carta de amor à mulher em todas as suas versões. A direção de arte impecável, os figurinos que contam histórias por si só e a trilha sonora melancólica constroem um universo onde cada detalhe tem alma. A narrativa não-linear amplia a dimensão emocional, conectando passado, presente e memória em uma tapeçaria íntima e poderosa.

O Legado de Quatro Mulheres Inesquecíveis

“Adoráveis Mulheres” não é apenas um filme sobre irmãs. É uma obra sobre ambição, perda, desejo, feminismo, perdão e amor — nas mais variadas formas. Através de Jo, vemos o confronto direto com as limitações impostas às mulheres; por Meg, a beleza do amor simples; por Beth, a força silenciosa da bondade; e por Amy, a complexidade entre vaidade e sacrifício. Cada uma representa uma face da experiência feminina, e juntas formam uma constelação inesquecível. No fim, elas não se tornam grandes mulheres porque mudam o mundo — mas porque nunca deixaram o mundo mudar quem realmente eram.

A Imortalidade do Cotidiano

Ao transformar momentos cotidianos em algo épico e lírico, “Adoráveis Mulheres” ensina que não há nada mais grandioso do que viver com coragem. O filme é um retrato de como, nas pequenas escolhas e nas dores silenciosas, nasce a verdadeira revolução. Não há heroína invencível, mas há quatro meninas que resistem ao tempo, porque suas histórias são eternas. O diário de Jo March virou livro, e o livro virou cinema — e, com isso, cada geração ganha a chance de se ver refletida nos olhos e nas palavras dessas adoráveis mulheres.