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O Retorno de Mary Poppins

Publicado em Domingo,

Imagem de O Retorno de Mary Poppins

ator: Emily Blunt, Lin-Manuel Miranda, Ben Whishaw, Emily Mortimer, Julie Walters, Colin Firth, Meryl Streep, Dick Van Dyke, Angela Lansbury, David Warner, Jeremy Swift, Kobna Holdbrook-Smith, Noma Dumezweni, Pixie Davies, Nathanael Saleh, Joel Dawson

O Vento do Leste Traz de Volta a Magia

Londres, década de 1930. Os dias sombrios do pós-crise ecoam pelas ruas cinzentas e pela casa da família Banks. Michael, agora adulto, vive com seus três filhos pequenos — Annabel, John e Georgie — na mesma casa da Rua dos Vinte e Seis, mas a alegria que antes preenchia o lar evaporou com o tempo. Viúvo, endividado e à beira de perder a casa para o banco, Michael está afogado em responsabilidades. A infância mágica parece um sonho distante. Mas um velho amigo dos ventos do leste está prestes a retornar.

Mary Poppins Desce das Nuvens

No momento em que tudo parece prestes a desabar, um milagre do céu literalmente cai do céu. Mary Poppins, com seu icônico guarda-chuva e uma bolsa que desafia as leis da física, retorna, intacta, elegante e misteriosa. Sem anunciar, sem explicar como ou por quê, ela reaparece para cuidar dos filhos de Michael — e, mais uma vez, para restaurar a ordem e a fantasia. Seu olhar firme e seu humor peculiar estão exatamente como antes, e os ventos começam a mudar.

As Crianças Que Esqueceram de Sonhar

Annabel, John e Georgie são crianças sensíveis e responsáveis, forçadas a amadurecer cedo diante da dor da perda da mãe e das pressões do cotidiano. Com a chegada de Mary Poppins, suas rotinas são subitamente reviradas. A babá mágica os leva a aventuras que desafiam a realidade — dentro de banheiras, por entre desenhos e até num mercado animado dentro de uma tigela de porcelana. Aos poucos, os olhos dos pequenos se abrem para um mundo que eles haviam esquecido que existia: o da imaginação.

Um Banho Cheio de Aventura

A primeira incursão da nova geração no mundo mágico acontece durante o que seria um simples banho. Mary transforma a banheira em um portal para o fundo do oceano, onde os irmãos nadam com peixes coloridos, mergulham em recifes e atravessam uma feira submarina cheia de personagens excêntricos. É uma cena de alegria pura, um lembrete visual de que a magia está nas pequenas coisas — e que Mary Poppins nunca perdeu o talento para reinventar o comum.

O Mundo Dentro da Tigela

Outro momento memorável acontece quando uma tigela de porcelana se torna o ponto de entrada para um espetáculo animado. Mary, Jack (um acendedor de lampiões e parceiro das novas aventuras), e as crianças entram num mundo onde os personagens são desenhos e os animais cantam. Uma perseguição sobre rodas e uma apresentação de cabaré revelam não apenas o talento musical de Mary, mas também a confiança que ela está plantando nas crianças. O irreal não é apenas possível — é necessário.

Jack, o Novo Companheiro de Luz

Jack, vivido por Lin-Manuel Miranda, é o acendedor de lampiões que traz luz às noites de Londres — e à vida da família Banks. Ele é uma espécie de sucessor espiritual de Bert, o amigo de Mary no primeiro filme. Com seu carisma, seu otimismo e seu amor pelas crianças, Jack se torna uma ponte entre o real e o mágico. Ele conhece Mary de antes e a respeita como uma guardiã de segredos. Jack é a voz da esperança em tempos escuros, e seu brilho contagia.

A Visita da Tia Topsy

Para consertar a tigela de porcelana quebrada, Mary leva as crianças até a casa da excêntrica prima Topsy, interpretada por Meryl Streep. Lá, descobrimos que nas segundas-feiras tudo está de cabeça para baixo — literalmente. A casa gira, os móveis andam pelo teto, e Topsy canta sobre aceitar o que não pode ser mudado. A visita não apenas ajuda a restaurar o objeto mágico, mas também traz uma lição valiosa: às vezes, enxergar as coisas de outro ângulo pode mudar tudo.

O Vilão em Silêncio: Sr. Wilkins

Enquanto a magia se desenrola, o mundo real continua impiedoso. O grande antagonista da trama é o banqueiro Wilkins, interpretado por Colin Firth. Por trás de um sorriso cínico, ele esconde a intenção de tomar a casa dos Banks, usando cláusulas contratuais e manipulações. Ele representa o sistema — burocrático, frio e implacável — contra o qual nem Mary Poppins pode lutar diretamente. Mas sua presença lembra que a fantasia precisa enfrentar a realidade em algum momento.

O Tempo Está se Esgotando

Com o prazo final se aproximando, Michael e Jane, sua irmã, procuram desesperadamente o certificado que provaria que seu pai havia deixado ações bancárias valiosas, suficientes para pagar a dívida. Mas o tempo parece inimigo, e cada tentativa se mostra em vão. A frustração de Michael cresce. Ele começa a perder a fé, não apenas no banco, mas na vida. E as crianças, percebendo a gravidade da situação, tentam ajudar — mostrando que a responsabilidade não apagou completamente sua capacidade de acreditar.

Uma Noite com os Lampiões

Uma das cenas mais vibrantes do filme é o número musical com os lampiões de Londres. Jack e sua turma dançam e giram pelos postes, pelas ruas e pelos telhados, iluminando a cidade com esperança. Eles cantam sobre guiar os perdidos pela escuridão. O espetáculo é uma homenagem ao número dos limpadores de chaminés do filme original, mas com uma nova estética, mais acrobática, urbana e poética. Ali, Mary Poppins permite que os outros brilhem. Ela é o norte, mas sabe quando se afastar para que os outros avancem.

A Hora Mais Escura

Na véspera da execução da hipoteca, Michael está derrotado. A casa será tomada, a infância das crianças ameaçada, e nenhum documento foi encontrado. Ele escreve uma carta à esposa falecida, confessando seu fracasso e sua saudade. O texto, sincero e doloroso, representa o ponto mais baixo da narrativa — aquele momento em que tudo parece perdido. Mas é também um ponto de virada. Às vezes, precisamos tocar o fundo para olhar para cima.

A Descoberta do Milagre

No dia seguinte, Georgie encontra um pedaço de papel usado como material para encapar uma pipa: a carta de Michael, com o certificado de ações no verso. A salvação estava dentro de casa o tempo todo. É uma metáfora poderosa: aquilo que parecia descartável se revela essencial. Jack, as crianças e Mary correm até o banco para impedir a perda da casa. E no último segundo, a justiça poética acontece: Wilkins é desmascarado, e os Banks recuperam sua dignidade.

Um Final nas Alturas

Com tudo resolvido, Londres acorda para um novo dia. A alegria retorna à casa dos Banks. Um parque de diversões surge do nada, e o balão da Srta. Lark flutua no céu, convidando todos a se reconectarem com a infância. Mary, sempre à parte, observa. Ela sabe que seu trabalho está completo. Michael recuperou o sorriso, as crianças redescobriram a imaginação, e o lar voltou a ser um lugar de amor. Mary Poppins parte como chegou: discretamente, suavemente, no vento que muda.

Emily Blunt, a Mary da Nova Geração

Emily Blunt reinventa Mary Poppins com elegância e personalidade própria. Ela não imita Julie Andrews — ela cria sua própria versão da personagem: mais sarcástica, mais segura, mas igualmente mágica. Sua presença em cena é hipnotizante, e sua voz embala as canções com delicadeza. Mary continua sendo um enigma: não envelhece, não muda, mas transforma tudo ao seu redor. Ela é uma constante que retorna quando mais se precisa dela — mesmo que ninguém se lembre de como ou por quê.

A Magia da Tradição

“O Retorno de Mary Poppins” é um tributo ao clássico de 1964, mas também uma obra com brilho próprio. Ele revisita elementos queridos — a casa na Cherry Tree Lane, o banco, o parque, os números musicais — mas os reinventa com frescor. O filme caminha entre o saudosismo e a inovação com equilíbrio. E mesmo que o roteiro tenha tons previsíveis, a beleza está na forma como tudo é apresentado: com cor, música e coração.

Lições Embaladas em Canções

Cada número musical do filme traz uma lição embutida. “Can You Imagine That?” convida à imaginação sem limites. “A Cover Is Not the Book” desafia a julgar além das aparências. “Trip a Little Light Fantastic” ensina a seguir em frente mesmo na escuridão. E “Nowhere to Go but Up” celebra a superação após os tempos difíceis. O filme usa a música não apenas como entretenimento, mas como ferramenta pedagógica. Ele canta, mas também ensina.

A Fantasia como Acolhimento

O que torna Mary Poppins uma figura tão marcante é sua capacidade de restaurar o essencial: o amor, a imaginação, a esperança. Ela não resolve tudo com mágica. Ela guia. Ela inspira. E mais importante: ela parte quando já não é mais necessária. Seu papel é temporário, mas seu impacto é eterno. Mary não é só para crianças — é para todos que esqueceram como olhar para o céu e ver formas nas nuvens.

Um Presente Para Todas as Gerações

O filme é um presente para os fãs antigos e para as novas gerações. Os adultos reencontram o calor da infância, enquanto as crianças descobrem um universo onde a imaginação é lei. O retorno de Mary Poppins não é só uma continuação — é uma reconexão com o que é essencial: fé na beleza das pequenas coisas. O mundo pode ser duro, mas sempre haverá um vento do leste soprando mudança.

Conclusão: Quando a Fantasia é Real

“O Retorno de Mary Poppins” é um abraço cinematográfico. Ele lembra que, mesmo nos dias mais cinzentos, há uma centelha de magia à espera. Basta olhar com os olhos certos. Mary pode ir embora, mas ela deixa algo para trás — não um presente físico, mas uma mudança interna. Os Banks não são mais os mesmos. E nós, espectadores, também não. Ela chegou como uma brisa e partiu como o sol da manhã. E mesmo que ninguém saiba de onde veio, todos sentem que ela esteve ali.