O Décimo Primeiro Trabalho de Heracles: As Maçãs das Hespérides
Publicado em Segunda-feira,

personagem: Héracles, Euristeu, Hespérides, Ládon, Nereu, Prometeu, Atlas, Atena, Hera
O Desafio que se Oculta no Jardim das Deusas
Depois de nove façanhas extraordinárias, o décimo primeiro trabalho de Héracles prometia levá-lo a um lugar ainda mais remoto e envolver entidades ainda mais místicas. Euristeu, sempre buscando formas de acabar com o herói, ordenou-lhe que trouxesse as maçãs de ouro do Jardim das Hespérides. Essas frutas, de brilho celestial, eram guardadas pelas ninfas filhas da Noite, conhecidas como Hespérides, e por um dragão imortal de cem cabeças chamado Ládon. Além disso, o jardim ficava nos limites ocidentais do mundo conhecido — mais além do que qualquer homem jamais ousara pisar.
O Mistério da Localização do Jardim
O primeiro obstáculo não era físico, mas geográfico: ninguém sabia ao certo onde ficava o Jardim das Hespérides. Héracles, mesmo com sua força sobre-humana, não podia simplesmente esmagar rochas até encontrar as maçãs douradas. Ele teria que buscar conhecimento, orientação e astúcia. Assim, o herói começou sua jornada atravessando continentes, oceanos e desertos, consultando oráculos e figuras míticas que conheciam os segredos do mundo.
O Confronto com Nereu, o Velho do Mar
Foi então que Héracles encontrou Nereu, o velho marinho que podia mudar de forma e detinha vasto conhecimento sobre os segredos do mundo. Porém, Nereu não entregava seu saber facilmente. Para obter as informações, Héracles agarrou o velho com força e suportou suas transformações: peixe, leão, água, fogo. Só quando Nereu percebeu que não podia escapar, revelou a localização do jardim: além do oceano, perto do fim do mundo, onde o céu beijava a terra.
O Encontro com Prometeu Acorrentado
Durante a travessia rumo ao oeste, Héracles se deparou com uma figura trágica: Prometeu, o titã que havia dado o fogo aos homens, agora acorrentado a uma rocha, sofrendo tormento eterno enquanto uma águia devorava seu fígado todos os dias. Tomado por compaixão e justiça, Héracles matou a águia com uma flecha certeira e libertou o titã, que, em gratidão, revelou-lhe outro segredo: a única maneira de obter as maçãs seria por meio de Atlas, o titã que sustentava o céu sobre os ombros.
O Titã Atlas e a Proposta Tentadora
Héracles encontrou Atlas, curvado sob o peso do firmamento, e propôs um trato: ele assumiria temporariamente o fardo de sustentar os céus, e Atlas buscaria as maçãs por ele, já que as Hespérides eram suas filhas e não lhe negariam o pedido. O titã, encantado com a possibilidade de descanso, aceitou. Héracles então tomou a posição do titã e suportou o peso do mundo com os próprios ombros.
O Engano de Atlas e a Astúcia de Héracles
Atlas retornou com as três maçãs douradas nas mãos, maravilhado com a liberdade recém-descoberta. Ele então declarou que ele mesmo entregaria os frutos a Euristeu, e que Héracles deveria continuar segurando os céus. Mas o herói, prevendo a artimanha, disfarçou sua astúcia com humildade e disse: "Claro, apenas segure o céu um instante para que eu possa ajeitar meu manto." Atlas caiu na armadilha, assumindo novamente o fardo, e Héracles pegou as maçãs e partiu imediatamente.
O Retorno a Micenas com as Frutas Imortais
Com as maçãs em mãos, Héracles enfrentou a longa viagem de volta, atravessando novamente terras hostis, oceanos tempestuosos e criaturas míticas. Quando chegou a Micenas, Euristeu mais uma vez se surpreendeu com o sucesso do herói. No entanto, como as maçãs eram propriedade divina, pertencentes a Hera, Atena interveio e ordenou que fossem devolvidas ao jardim, pois era proibido que mortais as mantivessem.
A Efemeridade da Vitória
Héracles, mais uma vez, não se opôs. Entregou as frutas à deusa, e elas foram magicamente transportadas de volta ao seu lugar de origem. Mesmo sem poder conservar o prêmio, o feito demonstrou que nem a geografia, nem deuses, nem monstros eram capazes de deter sua determinação. O trabalho, como todos os outros, não era apenas sobre conquistar algo material, mas sobre superar os limites do possível.
A Simbologia das Maçãs e o Triunfo do Herói
As maçãs de ouro representavam não apenas um desafio físico, mas também espiritual. Guardadas por seres divinos e protegidas por um dragão imortal, eram símbolo da imortalidade, da perfeição e do poder divino. Ao alcançá-las, mesmo que por um breve instante, Héracles transcendeu a condição humana. Mais uma vez, o herói mostrou que a coragem e a astúcia juntas podiam romper qualquer limite.
A Caminho do Último Trabalho
Com onze trabalhos realizados, Héracles agora estava cada vez mais perto de conquistar sua redenção completa. O décimo segundo e último trabalho seria o mais temível de todos: descer ao próprio mundo dos mortos e trazer à superfície o cão Cérbero. Mas antes disso, ele já havia desafiado deuses, libertado titãs e vencido o impossível. Restava-lhe apenas encarar Hades e as profundezas do Tártaro.